E eis que chegou o domingo de carnaval que ele tanto esperava. Para quê? Para quê mesmo? Para colocar a sua fantasia e fazer tudo o que ele tinha direito e desejo de fazer, mas não fazia , por medo ou por timidez. Pegou a sua mochila que já estava bastante abastecida com as compras que sua mãe fez, por insistência dele. Tinha na bolsa: espuma branca, espuma colorida, confete, purpurina, trompete de plástico e alegria, bastante alegria. Tinha apenas dez anos e já era afoito por carnaval, pela festa, pelo grito, pelo mela mela. Pediu a benção a mãe, ao pai, aos avós e saiu com sua prima Juliana. Saiu com destino à felicidade. Era domingo, de carnaval por sinal, o sol estava quente, de rachar qualquer fantasia.
Sua prima estava com uma roupa toda rosa, estava de bailarina. Tinha uma saia de tule rosa clarinho e uma maquiagem bem carregada, nada apropriado para crianças, que ela mesmo tinha feito na rua. O menino estava de calção preto, blusa branca, sapato preto e colete preto. Tinha na cabeça uma cartola e nas mãos uma varinha mágica. Pois é, ele estava fantasiado de mágico.
O mágico da rua 15. Estava atrás de sua colombina, de sua maria bonita. A prima já tinha achado as amigas no empurra empurra que estava tomando conta da ladeira principal. Ambos moravam em Olinda, em um rua antes de onde acontece toda a folia.
Pronto,o desejo do dia já tinha sido realizado. Já estava com a sua fantasia, com seu kit de mela mela nas mãos, entre confetes e fantasias. Mas algo estava faltando. Não sabia o que era, mas que tinha algo faltando, ah, isso tinha. Abriu a bolsa e colocou para dentro da boca um chiclete de morango que ele tanto adorava. O chiclete custava caro, por isso só comprava e comia em ocasiões especiais, e aquele, era sim, um dos tais. Reparou que uma figura que estava fantasiada de rapunzel. Estava com uma peruca enorme amarela e com uma máscara tampando o seu rosto. Ele imediatamente queria saber quem era a princesa que estava ali, tão enigmática. Ele jamais ousaria fazer aquilo se não fosse o carnaval.Atravessou o montante de gente que estava no meio, e foi aí que aconteceu, entre confetes e serpentinas que ele tirou a máscara da rapunzel e beijou. Deu um selinho de criança e correu.
A rapunzel correu atrás. Ele não sabia o que fazer, queria usar algum poder da sua fantasia de mágico e sumir, pois a rapunzel vinha com tudo atrás dele. E daí ele entrou numa rua sem saída e a fera veio em sua busca, foi aí que ela chegou bem na sua frente, ele fechou os olhos e aí: PÁÁÁÁ! SMACK! Ela tirou a máscara que estava usando e deu um beijaço no mágico da rua 15. Os dois ficaram lá dando selinhos e mais selinhos. Os dois não lembravam, mas foi nesse dia, entre confetes e serpentinas que o amor desses dois nasceu.
Eduardo Sousa
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