A solidão, o desespero, a desilusão, o afeto inesperado... Caio Fernando Abreu trabalha, em seus contos, os impasses vividos por uma geração que sofreu muito, mas que também amou muito. Criador de uma literatura corajosa, o autor enfrentou os estigmas de seu tempo e fez uso de uma linguagem que mistura prosa e poesia, rompendo com os padrões. Construções ideológicas inovadoras combinam-se a inovações estéticas e dão o toque essencial da literatura desse grande escritor.
Dentre os diversos aspectos que se destacam nas 15 histórias desta antologia, temos a problemática do isolamento do indivíduo em face de uma realidade estranha e alheia aos seus sentimentos. Seus personagens operam tentativas de criar uma nova realidade, que dê vazão ao seu mundo interior - tentativas efêmeras, frustradas, em vão. Às vezes, nas relações afetivas se estabelecem o isolamento e a incomunicabilidade: a palavra não dita na partida; o par que sofre rejeição de colegas por serem homossexuais; o casal que já não tem mais o que dizer; o rapaz adoentado que tenta se abrir com a mãe sobre sua sexualidade e suas angústias e não consegue; a relação trágica de uma solitária menina com seu gato de estimação; os desencontros em uma grande cidade. Por vezes, a solidão traz lembranças ternas e tristes; noutras, faz com que se perceba a sensaboria de uma comemoração - ou vai ainda mais longe, e leva à percepção da própria miséria física e moral.
Você deve estar se perguntando porque o livro tem esse símbolo do Ministério da Educação e logo abaixo, venda proibida, mas quando estudava em um colégio do Estado, ganhei vários livros, por ser o aluno da escola inteira que mais lia e que mais pegava livros emprestados na biblioteca (; ,voltando a resenha...
...O livro é composto por vários contos.Os contos nos envolvem facilmente por tratar-se de histórias que muitas pessoas vivenciaram ou vivenciam diariamente.Palavras de fácil compreensão e uma ligação direta com o leitor faz de além do ponto e outros contos uma obra fantástica.Nessas 128 páginas, é possível delinear a densidade das histórias, quase sempre sem finais felizes (ou é possível imaginar outra história depois do ponto final). Um livro como um soco, desses que te devoram e você não tem vontade de deixar de lado antes de terminar.
Alguns dos tópicos que grifei nos contos é o pensamento incessante da infância, dentro da cabeça adulta. A loucura, a esquizofrenia. Pensamentos engaiolados de noites chuvosas, agir como se partisse atrás de uma porta que não se abre nunca. Engatilhando outro conto, dos devaneios da mulher ao se descobrir ela mesma, com seus abismos e incertezas, num domingo de manhã. A espera de um amor que nunca vem, a loucura lúcida, a tristeza. A história de Beatriz e a paixão adolescente dividida em atos, lembrados como: "Aquele tempo". Há também uma história esquisita sobre um triângulo amoroso entre uma menina, um gato, depois a morte e o futuro. Ele também cita em contos ou dedicatória, Ana Cristina César, grande amiga e inspiração, juntamente com Adélia Prado. O conto Holocausto me deu náuseas/embrulho. A história é intensa demais. Recuerdos, a história do circo, da fuga incerta, do menino se descobrindo homem. Sob o céu de saigon, uma leitura sobre encontros e desencontros, típico cenário da juventude. Para uma avenca partindo é o diálogo interior mais intenso, às vezes sem nexo ou lógica, mas que gosto muito. Pelo tom diálogo interior, pela densidade, pela falta de pontuação como se não respirasse, tudo isso dá a sensação de."O retrato" é um do que mais gosto, assim como "Aqueles Dois".
É bem difícil escolher um conto especial, pois o livros inteiro é especial e faz jus à personalidade do escritor Caio, que muitas vezes ficou em questionamento. Caio foi escritor e jornalista sul-grandense, trabalhou em muitas mídias distintas e importantes, deixou um rico acervo literário, tais como: contos, romances, ensaios, traduções, peças de teatro, novelas e crônicas. Suas obras são consideradas pós-modernas e fotografam a contemporaneidade com um olhar voltado ao cinema, à fotografia, à música e à literatura. Fica então a dica para você, quando estiver na dúvida de comprar um livro de Caio, pode apostar nesta coletânea. Abraços.
"- E então, como se um anjo de asas de ouro filigranado rompesse de repente as nuvens chumbo e com seu saxofone de jade cravejado de ametistas anunciasse aos homens daquela rua e daquele sábado á tarde naquela cidade a irreversibilidade e a fatalidade da redondeza das esquinas do mundo - ele olhou para ela e ela olhou para ele."
"- Ela era uma dessas moças que, aos sábados,com uma bolsa pendurada no ombro, sobem ou descem a rua Augusta. Aos sábados quase sempre á tarde, pois pelos óculos muito escuros e o rosto um tanto amassado que a ausência total de maquiagem nem pensou em disfarçar..."
Eduardo Sousa
Estou lendo o livro agora por causa do vestibular da UFSC adoro contos, é um livro fantástico.
ResponderExcluirSim, eu também. A UFSC escolheu muito bem as obras esse ano. Foi o melhor livro brasileiro que li, nunca tive um afeto grande com um livro como esse.
Excluircambada vendo resumo pro vestibular kkkkk
ResponderExcluircambada vendo resumo pro vestibular kkkkk
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