Para ele, uma coisa é fato: ninguém o ama. Ninguém se importa. Ninguém vê. Suas dores. Suas angústias. Seus sentimentos. É como se ele vivesse dentro de uma cápsula protetora, onde as pessoas passam, esbarram, mas não vêem nada. Teima consigo mesmo que alguma coisa deve estar fazendo errado. Vivendo errado? Agindo errado? Observando errado? Nem ele mesmo sabe. Apenas vive com essa dúvida.As noites ultrapassam os dias e vice-versa e ele vai levando, como diz o ditado popular, vai empurrando com a barriga.
Quando algo acontece de surpreendente, ele pensa em um átimo de segundo que alguém chegou. Que alguém o observou, que alguém o notou. Mas na verdade não é nada. É alarme falso. Não tem nenhuma resposta e quando tem, nenhuma o satisfaz. Não tem nenhuma razão que o faça levantar cedo da cama para sair de casa, não tem nenhuma razão que o governe, que o impulse.
Ele já não aguenta mais. Finge que não tem pressa. Mas a pressa é seu sobrenome. Seu objetivo. E por não aguentar mais isso, de ficar no bloco do eu sozinho, sambando sozinho, rindo à toa sozinho, quer dar um tiro. Um tiro certeiro, com alvo.
Eu o vi na rua, um dia desses aí... e dei a idéia dele mirar bem no seu alvo e ir com tudo. Na verdade não tem um alvo, mas vai no que ele acertar. Pega o estilingue moço, mira no amor e atira! Se errar, pega o erro e brinca. Brinca de amor. Vai com tudo nesse seu tiro ao alvo.
Eduardo Sousa
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