terça-feira, 15 de julho de 2014

Despertador gritante!




Sempre escuto as pessoas falarem que só acordam se os malditos despertadores tocarem bem em cima dos seus ouvidos, quase para deixá-los surdos, tirando-os do sono petrificado que estão.
Eu sou um dos, não os que acordam só com o despertador e sim com o sono petrificado. Tenho sérios problemas de sonambulismo, questão de médico, de remédio e blá blá blá, a última vez fui pego saindo de casa só de samba canção. Dormindo, abri a porta do meu quarto, peguei minha mochila, passei pelo corredor escuro, um breu e desci as escadas rumo à fantasia e ao mundo que só os que dormem acordados sabem. Por sorte minha mãe ouviu o barulho da fechadura e conseguiu me tirar a tempo da rua e me levou de volta para cama com toda a calma e paciência materna, se não fosse essa ajudinha de minha mãe, creio eu que não estaria aqui escrevendo essas coisas . 
Mas o fio da meada não é este e sim outro que corre. Estou falando das pessoas que só se acordam com o barulho insuportável do despertador. Eu não uso despertador, nem de relógio, nem celular, nem alarme, tenho medo de um dia desses colocar o alarme e sair correndo e passar direto e puf! cair da escada. Tenho o meu próprio despertador, além do meu organismo, do meu sistema já saber a hora certa de levantar e de colocar o pé no chão para mais um dia de coisas, de trabalho, de etecétera etecétera, tenho também o despertador humano que é a minha mãe.
Se eu digo "mãe preciso acordar às seis da manhã", ela já me acorda às cinco, com café preparado e com todas as regalias que o filho caçula merece. Não sou preso a um relógio louco, que fica apitando, gritando, vomitando todas as obrigações, é como se os despertadores dissessem: "vai trabalhar homem, vai trabalhar macho, hoje tu tem isso, hoje tu tem aquilo, corre, olha o ônibus, olha isso, olha aquilo lá". É insuportável, insuportável.
Os dedo correm para programa a surpresa fatídica e infernal que é o alarme. Seja naqueles relógios grandes de parede antigo, que faz um tan tan tão estrondoso que é possível acordar os cadáveres existentes em Marte, ou seja nos relógios de parede, pulso ou nos alarmes rabujentos dos celular. É rabujento mesmo, o barulho é como latido de cachorro, como grito de garça, de porco,  de galo , sei lá.
Não enho problema a quanto isso, enquanto eu tiver mi madre e meu sono pesado mas que acorda na hora que é para acordar não vou ter problemas e ter que que escutar os trim trim trim dos alarmes, nem acordar atordoado beirando cair da cama ou do décimo andar, se por acaso eu morasse no décimo andar.
Posso não sofrer com esse barulho irritante, mas preciso revelar uma coisa, um talo preso na garganta: eu odeio acordar cedo, odeio quando a minha humilde mãe me acorda com o maior humor e paciência que ela tema, Edu acorda filho, hora de trabalhar". Perco a paciência comigo mesmo, o acordar cedo é como um dilaceramento visceral, é como beber purgante, é como se acordar em um sonho gostoso, enquanto a isso, tem mais de um milhão de caracteres para serem escritos. Bái bái. 






Eduardo Sousa



Nenhum comentário:

Postar um comentário