Há setenta e sete anos atrás, Jorge Amado escreveu o romance Capitães da Areia para retratar o cotidiano de crianças moradoras das ruas de Salvador (BA), em meio às dificuldades, discriminações e perigos. O curioso é perceber o quão semelhante à atualidade a história se revela. Crimes e maus tratos centralizam o enredo que ainda destina algumas páginas para falar de sonhos e imaginações presentes na vida daquelas crianças. O livro é uma denúncia, tanto para aquela época quanto para os dias atuais, da triste realidade inserida numa sociedade de valores distorcidos. Capitães da Areia fala de meninos-homens vítimas de um sistema falho que tentam sobreviver, para isso se utilizam da força e da esperteza que as ruas ensinam.
Causando polêmica por tocar nas feridas da sociedade, Capitães da Areia foi censurado no ano de sua publicação pelas autoridades, 808 livros foram incinerados. Além dos problemas sociais abordados no livro, também havia questões religiosas, tempo em que crenças africanas não eram consideradas religiões, qualquer semelhança com momentos atuais não é mera coincidência. A obra sempre esteve presente e à frente de seu tempo. Novas edições foram publicadas em 1944 e traduzidas para diversos idiomas, entre eles o alemão, francês e o italiano
Eduardo Sousa e Marisa Beserra
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